Esse morcego esquisitão é chamado de morcego cabeça de martelo: Hypsignathus Monstrosus no nome científico.
Esses martelo são frugívoros, ou seja, só comem frutas e possuem uma envergadura de até um metro, por isso eles são considerados os maiores morcegos frugívoros da África.
Como os corpos dos morcegos geram muito calor durante o voo, a atividade desses animais são noturnas: caçam, procriam e encontram lugares para se estabelecer nesse horário, assim eles não superaquecem.
Para procriar, esses animais se reúnem em um grande grupo de 25 a 130 machos, e para chamar a atenção das fêmeas, eles batem as asas e fazem barulhos altíssimos: por isso eles possuem essa cabeça, o formato ajuda na propagação do som. E quando a fêmea escolhe o parceiro, ela simplesmente pousa do lado dele e pronto.
As fêmeas geralmente dão à luz apenas a uma cria. Elas, inclusive, amadurecem mais rapidamente do que os machos. Atingem a maturidade para acasalar aos 6 meses de idade. Já os machos levam um ano inteiro para desenvolver o formato da cabeça de martelo e cerca de 18 meses para chegarem à maturidade. A expectativa de vida dos morcegos cabeças de martelo é de trinta anos.
Mas por que os cientistas estão de olho neles?
Pois bem! Porque essa é uma das três espécies de morcegos africanos que os cientistas acreditam serem portadores do vírus Ebola.
O surto de ebola mais devastador da história recente aconteceu em Papoua Nova Guiné e espalhou-se rapidamente por todos os países vizinhos: Libéria e Serra Leoa, a doença foi causada pelo vírus Zaire e durou entre os anos de 2013 e 2016: 28 mil pessoas foram infectadas e mais de 11 mil morreram.
O primeiro tipo de ebola foi descoberto em 1976 quando emergiu repentinamente perto do rio Ebola, por isso ganhou esse nome. As primeiras vítimas sofriam inicialmente de dor de garganta, febre, dor de cabeça e dor abdominal. Depois elas começaram a sangrar pelos olhos, nariz e outros orifícios. O vírus infectou 318 pessoas e matou 90% delas.
Mais da metade do surto de ebola ocorreram na República Democrática do Congo ou em sua capital Brazzaville, por isso as pesquisas com os morcegos são realizadas na região.
Mas a história natural do vírus ainda é um mistério. A ciência já sabe muito sobre o ciclo de replicação do vírus, mas não de onde ele vem e como causa surtos e se reproduzem naturalmente.
Os cientistas encontraram evidências de infecção por ebola em várias espécies de morcegos, mas nunca isolaram o vírus. Para os pesquisadores provarem qual morcego é o real reservatório do ebola, eles precisam encontrar o vírus do ebola vivo. Por enquanto, apenas anticorpos foram encontrados nos animais e não o próprio vírus. Ninguém sabe, ainda, como o ebola pode pular de morcegos para outros mamíferos, incluindo pessoas.
Eles esperam coletar dados que possam mostrar como e quando existe a maior probabilidade de o vírus se espalhar de um morcego para outro e depois para humanos. Essa talvez seja a única forma de parar o contágio.
O ebola também é uma grande ameaça para os gorilas, chimpanzés e até antílopes. Mas um animal que especificamente não morre ao ser infectado pelo vírus são os morcegos.
Para examinar os animais capturados para o estudo, os pesquisadores esfregam o morcego para tirar qualquer coisa de seu corpo que possam indicar alterações, coletam a urina e retiram um pouco de sangue da asa.
Depois disso, os pesquisadores colocam um GPS no animal para tentar encontrar alguma resposta sobre o caminho do vírus, desde dieta e comportamento reprodutivo até padrões migratórios da espécie.
Com isso, os cientistas aumentam o esforço para entender onde a atividade dos morcegos e humanos se cruzam e se esses morcegos podem migrar.
Por que sentimos medo de morcegos?
As pessoas sentem muito medo de morcegos por causa dos mitos que circulam por aí, principalmente sobre os sugadores de sangue. Mas saibam que das 1200 a 1300 espécies espalhadas pelo mundo, apenas 3 são sugadoras de sangue.
E a possibilidade de um morcego ser infectado por uma doença que pode ser transmitida aos humanos é muito baixa, varia de 1 a 2%.
Bom, o fato é que o morcego cabeça de martelo pode ser a resposta para um dos mistérios da virologia: onde se esconde o mortal vírus ebola?
Portanto, saber mais sobre os padrões de movimento desses animais pode ajudar a conservar a espécie e limitar o risco de propagação da doença.
Foto: Wild view
Publicidade
0 Comentários