Como Veneza foi construída e por que ela está afundando?

 

Veneza é uma cidade bem peculiar; por isso, atrai os olhares de milhares de visitantes. Ainda que seja, em sua maior parte, voltada para o turismo, ela possui lojas, casas e postos comuns iguais a qualquer outra cidade italiana. Mas como foi possível os romanos começarem a construir Veneza acima do nível do mar no ano 452? E o que deu de errado para a cidade estar afundando agora?


Antes de ser o que é hoje, Veneza era apenas uma lagoa que se separava do mar em pequenas frações de terra. Em 452 os habitantes do norte da Itália se escondiam na pequena ilha do Mar Adriático para fugir dos bárbaros que acabaram com o império romano.


Foi a partir daí que as primeiras obras começaram a ser construídas nos 550 km² de extensão divididos em 118 ilhas que ficam um pouco acima do nível do mar, por isso as enchentes são tão comuns no local. 


Os primeiros moradores que começaram a ocupar a área seca da cidade, enfiavam estacas de madeira entre 2 a 8 metros de comprimento nas partes de terra que apareciam na lagoa. Eram como lápis gigantes sendo colocados no barro. 


Para garantir que a engenharia desse certo e não despencasse para o fundo do oceano, duas camadas de placas de madeira foram apoiadas em cima das estacas para nivelar a estrutura. Com o tempo outros materiais como tijolos e pedras tiveram que ser adicionados para equilibrar a sustentação. 

 

E antes que você se pergunte como as madeiras podem não ter se deteriorado com o tempo, eu já te respondo que isso aconteceu porque os pilares foram completamente submersos na água.


Sem o contato direto com o ar e o oxigênio, não houve a proliferação de bactérias e fungos. Além disso, a água salina juntamente com a mistura de areia e argila do próprio lago fez com que o material não apodrecesse e ainda se solidificasse. 


O que protegeu as estacas também foi a composição do lodo, que tem grandes concentrações de minerais e que foram absorvidos pela madeira.


Alguns imprevistos fizeram com que a construção de Veneza fosse extremamente lenta, inclui-se à lista a dificuldade de firmar as casas em solo instável; demora na entrega dos materiais que vinham de muito longe; e ainda a precariedade do trabalho humano: boa parte dos trabalhadores não aguentavam e iam embora, preferiam viver da pesca e da extração de sal ao viver em situação tão desumana.  


Vai ser preciso pagar uma taxa para entrar em Veneza

Mas Veneza não é toda essa maravilha vista pelos turistas. Por causa das enchentes recorrentes, a cidade perdeu grande parte de seus moradores: de 250 mil habitantes vivendo em Veneza na época da Idade Média, hoje a população não passa de 60 mil. Uma quantidade bem menor se comparada com o número de turistas que visitam a cidade: são pelo menos 25 milhões por ano e 100 mil todos os dias. Outro problema que o governo de Veneza tenta resolver. 


Provavelmente, no próximo ano, 2023, todos os turistas que passarem menos de um dia na cidade terão que pagar uma taxa que varia de 3 a 10 euros. O turista também vai precisar fazer uma reserva obrigatória antes de chegar na laguna.


As autoridades dizem que essa é uma forma de controlar a superlotação e ter controle da quantidade de pessoas que entram e saem de Veneza todos os dias, “muitos ficam apenas horas e vão embora sem de fato contribuir para o turismo da região. São as pessoas que estão apenas de passagem, mas que param na cidade e causam grande aglomeração”, dizem as autoridades.  


Ainda não foi determinado o que seria um excesso de turistas, mas o governo italiano fará uso de 468 câmeras, sensores ópticos, um sistema de rastreamento de telefone celular e catracas para a contagem de pessoas. Assim eles vão poder controlar os estrangeiros e verificar de onde eles vêm e para onde estão indo. É a forma que eles encontraram para desestimular o turista de um dia. Os relatórios serão enviados para as autoridades de controle a cada 15 minutos. 


Inclusive, algumas dessas restrições já estão acontecendo, como o banimento de navios de cruzeiros que não podem mais parar na lagoa. 

E por que Veneza está afundando?

Os especialistas dizem que dois motivos estão provocando o alagamento constante e fora de época da cidade.


O primeiro foi provocado pelas indústrias que desde o final de 1945 passaram a bombear água do subsolo para suas atividades diárias, devido à diminuição do lençol d’água subterrâneo, Veneza começou a afundar e foi marcada pela grande inundação de 1966 que acabou com esse bombeamento. Mas Veneza continua afundando 0,4 milímetros ao ano. 


O segundo problema causador das enchentes é o aumento do nível do mar provocado pelas mudanças climáticas. É, exatamente! O aquecimento global. 


Hoje Veneza é constantemente inundada fora de época e com duração bem acima do normal. Um Relatório que aponta as mudanças climáticas internacionais mostrou que a cidade de Veneza corre o risco de ser completamente tomada pela água nos próximos 100 anos


O governo já investiu mais de 5 bilhões de euros para construir e manter o sistema de combate às enchentes chamado Mose, que é uma enorme barragem metálica de trinta metros de comprimento e 300 toneladas cada. Elas foram estrategicamente posicionadas nas três aberturas que ligam a Lagoa de Veneza ao Mar Adriático.


Eles ficaram boa parte do tempo embaixo da água e só serão acionados se a maré subir mais de 1 metro, formando uma barreira para que a cidade não seja inundada.


Foto: Ilustração

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