Os cosméticos naturais estão dominando as prateleiras – e as conversas – no Brasil. Em 2024, o mercado de produtos de beleza "verdes" cresceu 28%, alcançando R$ 3,5 bilhões, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC).
Marcas como Natura e Boticário, gigantes do setor, já respondem por 40% desse segmento, mas pequenas empresas artesanais, muitas nascidas no interior do país, estão roubando a cena.
"Os consumidores querem saber o que estão passando na pele", diz a química Fernanda Almeida, fundadora da startup paulista Verde Vivo, que fabrica cremes com extratos de plantas da Mata Atlântica.
Um estudo da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) de 2023 confirma: 67% dos brasileiros entre 25 e 50 anos dizem preferir produtos sem parabenos ou sulfatos, mesmo que custem até 15% mais caro.
A busca por sustentabilidade também pesa – 52% checam se a embalagem é reciclável, segundo a mesma pesquisa.
O movimento não é só estética, dermatologistas apontam que ingredientes como óleo de buriti e aloe vera, abundantes no Brasil, têm propriedades antioxidantes comprovadas.
"O buriti, por exemplo, tem 20 vezes mais vitamina A que a cenoura, o que ajuda na regeneração da pele", explica a dermatologista Carla Vidal, do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.
Um teste clínico da Unicamp mostrou que cremes com esse óleo reduziram linhas finas em 18% após 60 dias de uso.
Porém, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) registrou um aumento de 35% nas denúncias de cosméticos naturais falsificados em 2024, muitos vendidos em feiras e redes sociais. "Nem tudo que é rotulado como natural realmente é", alerta Vidal.
Outro ponto: a produção em larga escala ainda esbarra na falta de regulamentação clara para ingredientes orgânicos, o que limita exportações – apenas 8% desses produtos brasileiros chegam ao exterior, segundo a ABIHPEC.
O perfil do consumidor surpreende: 60% são mulheres urbanas entre 30 e 45 anos, mas homens já representam 25% das vendas, puxados por itens como sabonetes e óleos para barba.
Em cidades como Florianópolis e Belo Horizonte, feiras de cosméticos naturais atraíram 50 mil visitantes em 2024, sinal de que o verde veio para ficar.
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