Inteligência artificial ou boneca de silicone para acabar com a solidão?

Quem já assistiu “The Big Bang Theory” sabe que em um dos episódios o personagem Rajesh se apaixona pela voz da Siri, aplicativo de assistência pessoal para sistema iOS. Já na série “Black Mirror”, em Be Right Back, Ash sofre um acidente de carro e morre. Sua esposa, Martha, inconformada, descobre um jeito de "ressuscitar" o marido por meio das mensagens trocadas por ele nas redes sociais. Ela cria, assim, um avatar virtual onde eles podem voltar a conversar normalmente. 

Por mais que você ache que tudo isso é coisa de filme, só ficção, algo impossível de acontecer, saiba que isso já é uma realidade. Pessoas de diferentes partes do mundo já utilizam plataformas com inteligência artificial para se relacionar. 


Um exemplo disso é o aplicativo Replika, criado por Eugenia Kuyda. Ela se inspirou nesse capítulo de Black Mirror após perder seu melhor amigo em um acidente de carro: ele foi atropelado e morreu no hospital sem que ela tivesse a chance de falar com ele pela última vez. Então também reuniu os textos enviados por ele para outras pessoas e montou um acervo de conversas, assim pôde reviver seus momentos junto a Roman Mazurenko.    


Agora o Replika não é mais sobre o amigo de Eugenia. A ferramenta cresceu e hoje mais de 10 milhões de pessoas utilizam o app para tentar fugir da solidão. O software é capaz de interagir com seres humanos por meio de textos - ferramenta gratuita, ou ligações telefônicas, é preciso pagar uma mensalidade para conversar com a máquina. 


O sistema vai aprendendo tudo sobre você no decorrer dos diálogos. Assim, é possível moldá-lo conforme a sua vontade: mais carinhoso, ouvinte, que interage, pergunta sobre seu dia, dá bom dia, boa tarde, boa noite e por aí vai. 


Porém, o problema desse programa para outras pessoas é o fato de não ter o contato físico que muitos deles precisam, por isso alguns optam pela presença de robôs ou bonecas de silicone. 


A boneca Jenny


A boneca de silicone Jenny vive com seu dono - ou podemos dizer - parceiro, na Alemanha e foi arrematada por 6 mil euros, quase R$ 40 mil. A história deles começou quando Dirk (nome fictício) sentiu-se solitário após anos de relacionamentos e casamentos frustrados no qual, segundo ele, "sempre teve que lutar pelo amor”. Mas com Jenny é diferente, ele se sente bem ao lado dela e diz que até é capaz de ouvi-la falar e perceber que seu amor também é correspondido. “Com ela encontrei a paz”, diz ela para a fotógrafa Sandra Hoyn.  

Dirk desenvolveu uma forte dependência emocional pela boneca. Além de terem relações sexuais, eles fazem tudo juntos: tomam banho, café, assistem tv e ela também ganha massagem nos pés. Depois do sexo ele fala que é muito difícil limpá-la por dentro e que, por isso, prefere ejacular do lado de fora. 


No começo, fazíamos sexo muitas vezes, como é comum em qualquer relacionamento quando você se apaixona. Agora, isso não é mais tão importante para nós”, acrescenta.



A pele de Jenny não é como a nossa, claro, e por causa disso e de seu relacionamento de mais de 4 anos, já está bem desgastada, precisa de cuidados especiais, coisas que Dirk não se limita em ajudar.


Dirk se sente mal por não poder levar a amada para o cinema, ele precisa deixar as persianas das janelas do apartamento fechadas para que vizinhos não vejam Jenny sentada perto do vidro. 


“Não consigo viver sem amor. Minha solidão me destruiu”.


Para a psicóloga clínica e terapeuta sexual, Marianne Brandon, "o androidismo é uma parafilia em que as pessoas sentem atração sexual por robôs ou bonecos com aparência humana, e isso só é um problema grave quando se tornar uma obsessão", ou seja "o indivíduo só tem relações com bonecos, substituindo as relações humanas", disse ela em uma matéria divulgada no Jornal Fato.


Esse é o caso de Dirk. Ao longo dos anos ele só se relacionou com Jenny e assume que não precisa de nenhuma outra mulher. Se isso acontecer, a nova companheira terá que ceder espaço para a boneca também.





Fotos: Sandra Hoyn e Replika

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