O Brasil está enfrentando um novo aumento no número de casos de infecções respiratórias, especialmente de vírus sincicial respiratório (VSR) e influenza.
A situação, registrada até a primeira semana de abril de 2025, acendeu o alerta das autoridades de saúde, que decidiram antecipar a campanha de vacinação contra a gripe em grande parte do país.
Nas últimas semanas, a quantidade de pessoas hospitalizadas com Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) cresceu de forma preocupante. Só em 2025, foram registrados 13.754 casos hospitalizados, com quase metade (49%) ligados ao VSR, seguido pelo rinovírus (26%) e pela influenza A (7%).
Para efeito de comparação, no mesmo período de 2024, o número de internações por vírus respiratórios era consideravelmente menor, com predomínio da covid-19, que agora dá sinais de recuo.
A gravidade da situação também aparece nos óbitos. Entre os casos de SRAG que levaram à morte, 43% foram causados pela covid-19, mas o rinovírus (24%) e a influenza A (15%) vêm ganhando espaço, indicando que outros vírus além do coronavírus estão pressionando o sistema de saúde.
Diante desse cenário, o Ministério da Saúde começou a distribuir a vacina contra a gripe no final de março para as regiões Nordeste, Sul, Centro-Oeste e Sudeste.
A orientação é que os estados e municípios não percam tempo e iniciem a vacinação assim que receberem as doses. A Região Norte terá a vacinação em outro momento, alinhada ao período em que historicamente há mais circulação de vírus na região.
Além do aumento das hospitalizações, o monitoramento nacional mostra que a circulação do vírus influenza também está em alta nas unidades sentinelas — locais estratégicos de acompanhamento da gripe no país. Em especial, as amostras de influenza B e de influenza A (H1N1) apresentaram crescimento.
Nos laboratórios privados, há pelo menos quatro semanas consecutivas de aumento na detecção do vírus influenza A, reforçando a tendência.
O VSR também preocupa muito e lidera entre as causas de internação, principalmente entre crianças pequenas. Esse vírus é um dos principais responsáveis por quadros graves de pneumonia e bronquiolite.
O mais recente boletim InfoGripe da Fiocruz apontou que 13 estados brasileiros estão com níveis de alerta para o aumento da SRAG, com crescimento consistente a longo prazo. A maioria dos novos casos graves ocorre em crianças, embora também haja aumento entre jovens, adultos e idosos, principalmente por influenza A.
Apesar de o número de casos e mortes por covid-19 ter caído — com uma diminuição de 12,72% na média de novos casos e 12,43% na média de óbitos na comparação com a semana anterior —, outros vírus respiratórios estão ocupando esse espaço.
O que torna o aumento dos casos ainda mais preocupante é a combinação de fatores: alta circulação de vírus, maior número de internações pediátricas, e a possibilidade de pressão sobre o sistema de saúde, especialmente com a chegada do outono e do inverno, períodos historicamente mais críticos para doenças respiratórias.
As autoridades de saúde reforçam que a vacinação contra a gripe é uma das principais medidas para proteger a população, evitar internações e reduzir o impacto no sistema hospitalar.
A recomendação é que todos os grupos prioritários, como crianças, idosos, gestantes e pessoas com comorbidades, procurem os postos de vacinação o quanto antes.
Foto: Ilustração
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