O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) trouxe um alerta preocupante: a evasão escolar no ensino médio no Brasil cresceu 20% em relação a 2023.
O levantamento, que abrange escolas públicas e privadas, foi publicado no Diário Oficial da União e detalhado em uma nota técnica no site oficial do Inep.
De acordo com o Inep, cerca de 680 mil jovens entre 15 e 17 anos abandonaram os estudos no último ano, um número que representa 11% do total de matrículas no ensino médio.
As regiões Norte e Nordeste registraram os maiores índices de evasão, com taxas de 14% e 13%, respectivamente. Entre os fatores apontados para o aumento estão a necessidade de trabalhar para ajudar no sustento familiar, a falta de acesso à internet para aulas remotas e a desmotivação dos alunos, especialmente em escolas públicas onde a infraestrutura é precária.
Um relatório complementar do Ministério da Educação (MEC) destaca que 40% das escolas públicas brasileiras ainda não têm laboratórios de ciências ou bibliotecas adequadas, o que impacta diretamente o engajamento dos estudantes.
O Censo também trouxe dados sobre desigualdades regionais e socioeconômicas.
Em estados como Amazonas e Pará, a evasão foi agravada pela dificuldade de transporte escolar em áreas rurais e ribeirinhas. Já nas periferias das grandes cidades, como São Paulo e Rio de Janeiro, a violência urbana e o aumento do trabalho infantil foram citados como barreiras.
Um estudo do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), publicado em março de 2025, corrobora os dados do Inep, indicando que 1 em cada 5 jovens brasileiros fora da escola trabalha informalmente, muitos em condições precárias.
O governo federal, por meio do MEC, anunciou que está elaborando um plano emergencial para enfrentar a crise. Entre as medidas propostas estão a ampliação do programa Bolsa Família, com um bônus adicional para famílias que mantiverem os filhos na escola, e a criação de 500 novas escolas em tempo integral até 2026, com foco nas regiões mais afetadas.
Além disso, o MEC planeja investir R$ 1,2 bilhão em conectividade escolar, garantindo internet de alta velocidade para 90% das escolas públicas até o final de 2025, segundo comunicado oficial.
Especialistas em educação, no entanto, alertam que as medidas precisam ser acompanhadas de políticas de longo prazo. “Não basta oferecer benefícios financeiros; é preciso tornar a escola um lugar atrativo, com professores valorizados e metodologias que dialoguem com a realidade dos jovens”, afirma Cláudia Costin, ex-diretora de Educação do Banco Mundial e fundadora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais (CEIPE).
Organizações da sociedade civil, como o Todos Pela Educação, também cobram mais participação dos estados e municípios na formulação de estratégias locais.
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