Engramas: O que são e como moldam nossas memórias

Os engramas são estruturas neurológicas que representam as memórias armazenadas no cérebro. Embora o termo pareça técnico, ele se refere a como as experiências vividas por uma pessoa são codificadas, armazenadas e recuperadas pelo cérebro. 



Desde o momento em que aprendemos algo novo até a lembrança de eventos importantes ou triviais, os engramas desempenham um papel crucial na formação de quem somos.  


O termo "engrama" foi introduzido no início do século XX pelo neurocientista Richard Semon, que teorizava que as experiências deixam traços físicos no cérebro. 


Esses traços seriam as estruturas que poderiam ser ativadas para acessar memórias. No entanto, somente com o avanço das tecnologias de neuroimagem e a neurociência moderna é que os cientistas começaram a identificar evidências concretas da existência dos engramas.  


Basicamente, um engrama é como um "mapa" formado por um conjunto específico de neurônios que se conectam e se comunicam para registrar uma experiência. Quando uma memória é recuperada, esses neurônios são reativados, reproduzindo a experiência armazenada.  


Como os engramas funcionam no cérebro?  


Eles são armazenados em diferentes áreas do cérebro, dependendo do tipo de memória. Por exemplo:  


- Memórias de curto prazo, como lembrar onde você deixou as chaves, estão associadas ao hipocampo.  


- Memórias de longo prazo, como as habilidades de tocar um instrumento ou lembrar um momento da infância, envolvem áreas como o córtex pré-frontal e outras regiões cerebrais.  


- Memórias emocionais, por outro lado, podem ser armazenadas na amígdala, especialmente se estiverem associadas a eventos intensos, como alegria ou medo.  


Exemplos práticos de engramas em ação 

- Aprendendo um novo idioma: quando você aprende uma nova palavra em outro idioma, um engrama é formado. A repetição e o uso reforçam essa conexão neural, tornando mais fácil lembrar o vocabulário no futuro.  


- Reviver um cheiro da infância: o aroma de um bolo saindo do forno pode acionar um engrama que remete à cozinha da sua avó. Isso ocorre porque o cérebro associa informações sensoriais (como o cheiro) a memórias emocionais.  


- Traumas ou memórias dolorosas: em situações traumáticas, engramas podem ser tão fortes que, ao encontrar um gatilho, como um som ou imagem, a memória retorna com intensidade, causando reações emocionais e físicas.  


Estudos em ratos realizados por cientistas do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) conseguiram identificar e manipular engramas específicos. Em experimentos, eles foram capazes de "ligar" e "desligar" memórias nos animais ao estimular conjuntos específicos de neurônios.  


Ratos foram treinados para associar um determinado ambiente a uma experiência negativa (como um leve choque). 


Os pesquisadores reativaram os engramas associados a essa memória em um ambiente neutro, fazendo com que os ratos reagissem como se estivessem no ambiente original. 


Isso mostrou que memórias podem ser recuperadas mesmo sem os estímulos externos que as originaram.  


A pesquisa sobre engramas abre portas para tratamentos inovadores em saúde mental e neurociência. Por exemplo, compreender como os engramas funcionam pode ajudar no desenvolvimento de terapias para apagar ou reprogramar memórias traumáticas.  


Estudos sobre como as memórias são armazenadas e acessadas podem oferecer soluções para condições como Alzheimer, onde os engramas parecem ser interrompidos ou perdidos.  


Curiosidades sobre engramas  


Engramas podem ser "contaminados" por informações incorretas, levando à formação de memórias distorcidas ou até mesmo completamente falsas, além disso, eles são estáticos. 


O cérebro tem a capacidade de reorganizar conexões, o que explica por que algumas memórias podem ser enfraquecidas ou fortalecidas ao longo do tempo.  


Os engramas são a base física das memórias, permitindo que nossas experiências, habilidades e emoções sejam preservadas e acessadas. Eles estão no centro de quem somos, moldando nossa identidade e nosso comportamento. 


Com as pesquisas em constante evolução, é possível que, no futuro, possamos não apenas entender melhor como nossas memórias funcionam, mas também aprender a manipulá-las para o bem-estar humano.

Foto: Ilustração 

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