O minimalismo é um estilo de vida que propõe reduzir o consumo e o acúmulo de objetos desnecessários, priorizando o que é essencial para sua vida.
Ele surgiu como uma corrente artística no século XX, que buscava utilizar apenas os elementos básicos para expressar a arte e a comunicação. Porém, com o tempo, ele se expandiu para outras áreas da vida humana, como a decoração, a moda, a alimentação e até mesmo a tecnologia.
Mas o que significa minimalismo e como ser minimalista na prática?
Segundo o dicionário, o minimalismo é “a procura das soluções que sejam as mais simples”. Ou seja, é uma forma de simplificar as coisas, eliminando o excesso e o desperdício.
Para José Carlos Fernandes, professor de filosofia e autor do livro “Minimalismo: Uma Vida Mais Feliz com Menos Coisas”, o minimalismo é uma filosofia de vida que busca “encontrar a felicidade nas coisas simples, nas experiências significativas, no autoconhecimento e na conexão com os outros”.
Ele explica que o minimalismo não é uma regra rígida ou uma imposição, mas uma escolha consciente e voluntária de cada um. “Não se trata de viver na pobreza ou na escassez, mas de viver com o suficiente, com o que realmente importa para nós”, diz.
Fernandes afirma ainda que o minimalismo é uma resposta ao consumismo e ao materialismo que dominam a sociedade atual. “Vivemos em uma cultura que nos estimula a comprar cada vez mais, a ter cada vez mais, a competir uns com os outros pelo status e pelo reconhecimento. Mas isso nos torna mais felizes? Ou nos torna mais ansiosos, estressados, endividados e insatisfeitos?”, questiona.
Para ele, o minimalismo nos convida a refletir sobre os nossos valores, os nossos propósitos e as nossas prioridades. “O minimalismo nos ajuda a perceber que não precisamos de tantas coisas para sermos felizes. Que podemos viver com menos e ter mais tempo, mais liberdade, mais criatividade, mais qualidade de vida e mais sustentabilidade”, afirma.
Como adotar o minimalismo
Não há uma fórmula única ou um passo a passo para se tornar minimalista. Cada pessoa pode adaptar o conceito à sua realidade, aos seus objetivos e às suas preferências.
No entanto, alguns princípios podem orientar quem deseja iniciar nessa jornada. Um deles é o desapego. Isso significa se livrar dos objetos que não têm utilidade, que não trazem alegria ou que ocupam espaço desnecessário.
Uma forma de fazer isso é aplicar a regra dos 90/90, proposta pelos americanos Joshua Fields Millburn e Ryan Nicodemus, criadores do blog e do documentário “The Minimalists”. Eles sugerem que se faça as seguintes perguntas sobre cada objeto: “Eu usei isso nos últimos 90 dias?” e “Eu vou usar isso nos próximos 90 dias?”. Se a resposta for não para ambas, é hora de se desfazer do item.
Mas o minimalismo não se resume a arrumar a casa ou a doar as coisas. É preciso também mudar os hábitos de consumo, evitando comprar por impulso, por influência ou por status. É preciso questionar se o que se compra é realmente necessário, se tem qualidade, se tem durabilidade, se tem um impacto ambiental e social positivo.
Além disso, é preciso simplificar outros aspectos da vida, como as finanças, o trabalho, os relacionamentos, a saúde e o lazer. Isso envolve fazer um orçamento, pagar as dívidas, buscar uma carreira que tenha sentido, cultivar amizades verdadeiras, cuidar do corpo e da mente, praticar atividades que gerem prazer e aprendizado.
Quais são as vantagens da vida minimalista?
As vantagens de adotar o minimalismo são diversas e podem variar de acordo com cada pessoa. Mas algumas delas são comuns a muitos adeptos desse estilo de vida:
- O minimalismo pode te ajudar a economizar dinheiro e a investir no que realmente importa para você, como viagens, cursos e projetos pessoais. Também proporciona liberdade e flexibilidade para trabalhar com o que se ama;
- Pessoas relatam redução do estresse e da ansiedade por conseguir ter mais tempo para fazer o que se gosta, como ler, meditar, cozinhar e ficar com a família;
- É possível se tornar mais criativo e produtivo no trabalho, pois você aprende a focar somente no que é essencial e a eliminar as distrações, com isso você é capaz de ter tempo para desenvolver novas habilidades;
- Você aprende a planejar melhor a sua vida, ter clareza sobre seus objetivos e prioridades, ter controle sobre suas finanças e sobre o seu modo de consumo;
- Você passa a cuidar da saúde física e mental, fazendo exercícios, alimentando-se bem e dormindo melhor. Passa a valorizar mais as experiências do que as coisas materiais;
- É possível também se tornar uma pessoa sustentável e consciente sobre o seu impacto no planeta e ser grato pelo que se tem e por quem você é.
Desafios da vida minimalista
Apesar dos benefícios, adotar o minimalismo também pode trazer alguns desafios e dificuldades. Um deles é lidar com a resistência ou a incompreensão de familiares e amigos que não entendem ou não apoiam essa escolha.
Outro é enfrentar as tentações e as pressões da sociedade de consumo, que oferece constantemente novidades, promoções e facilidades para comprar mais e mais.
Um terceiro é encontrar um equilíbrio entre o minimalismo e o conforto, evitando cair em extremos de privação ou de indulgência e manter o minimalismo como um hábito constante, revisando periodicamente seus objetos, seus gastos, seus compromissos e seus propósitos.
Para superar esses desafios, os especialistas recomendam buscar informação, inspiração e apoio em livros, blogs, podcasts, documentários e comunidades sobre o tema.
Eles também sugerem experimentar o minimalismo aos poucos, começando por áreas específicas da vida ou por períodos determinados, como um dia, uma semana ou um mês.
O minimalismo é uma tendência que vem ganhando cada vez mais adeptos no mundo todo, especialmente entre as gerações mais jovens, que buscam um estilo de vida mais simples e significativo.
Mas ele não é uma solução mágica ou uma receita pronta. Ele é uma escolha pessoal e consciente, que requer reflexão, desapego e mudança de hábitos.
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