Como o hábito da leitura pode transformar sua saúde mental

Imagine que você pudesse viajar para outros mundos, conhecer pessoas incríveis, aprender coisas novas e ainda exercitar o seu cérebro. Parece bom demais para ser verdade, não é? Mas tudo isso é possível com um simples hábito: a leitura.

Ler é uma das atividades mais benéficas para a nossa saúde mental, pois estimula diversas áreas do nosso cérebro e nos permite expandir nossos horizontes. Neste artigo, vamos mostrar como o hábito de leitura age no cérebro e pode salvar a humanidade.


O efeito mágico da leitura em nosso cérebro

A leitura é uma invenção relativamente recente na história da humanidade. Não há uma programação genética nos humanos para aprender a ler, como há para a linguagem oral, a visão ou a cognição. Ler implica a aquisição de um código simbólico completo, visual e verbal, que começou de forma simples, para marcar quantidades ou objetos, e evoluiu para sistemas alfabéticos, que permitem armazenar e compartilhar conhecimento.

Segundo a neurocientista Maryanne Wolf, “ler literalmente muda o cérebro”. Ela explica que “ler é um conjunto adquirido de habilidades que permite fazer novas conexões entre regiões visuais, regiões da linguagem, regiões de pensamento e emoção”. Essa transformação “começa com cada novo leitor”. "(A habilidade de ler) Não existe dentro de nossa cabeça. Cada pessoa que aprende a ler tem que criar um novo circuito em seu cérebro". 

Esse novo circuito cerebral nos dá acesso a um universo de possibilidades. A leitura nos permite desenvolver habilidades como a escrita, a criatividade, o senso crítico, a imaginação, a mentalização e a antecipação. Além disso, a leitura nos ajuda a aprender coisas novas, ampliar nosso vocabulário, melhorar nossa memória e nossa concentração.

O efeito da leitura no cérebro: ativando o GPS mental

Um dos benefícios mais interessantes da leitura é que ela ativa o nosso GPS mental. Isso significa que quando lemos uma história, somos capazes de nos localizar no espaço e no tempo da narrativa, criando uma representação mental do cenário e dos personagens.

Esse processo envolve uma região do cérebro chamada hipocampo, responsável pela formação da memória espacial e pela navegação. O hipocampo também é afetado por doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer, que causam perda de memória e desorientação.

Estudos apontam que ler pode ser uma forma de proteger o hipocampo contra o declínio cognitivo associado ao envelhecimento. Uma pesquisa publicada em 2020 na revista International Psychogeriatrics acompanhou mais de 1,9 mil pessoas acima dos 60 anos ao longo de 14 anos e concluiu que atividades de leitura frequente – de pelo menos uma vez por semana – representam um risco reduzido de declínio cognitivo para adultos mais velhos.

Outra pesquisa realizada pela Universidade Emory (EUA) mostrou que ler romances pode aumentar as conexões neurais no hipocampo por até cinco dias após o término da leitura. Os pesquisadores usaram ressonância magnética funcional para medir a atividade cerebral de 21 estudantes antes e depois de lerem o romance Pompeia, de Robert Harris. Eles observaram que houve um aumento na conectividade do hipocampo e também em outras áreas relacionadas à linguagem e à percepção sensorial. 

Espelhos onde se olhar

Outro aspecto fascinante da leitura é que ela nos permite entrar em contato com outras perspectivas, sentimentos e experiências. Ao lermos uma história, nos identificamos com os personagens, sofremos com seus dilemas, torcemos por seus objetivos e celebramos suas conquistas.

Essa capacidade de se colocar no lugar do outro é chamada de empatia, e é fundamental para a convivência social e para a construção de uma sociedade mais justa e solidária. A empatia envolve um sistema de neurônios espelho, que são células nervosas que se ativam tanto quando realizamos uma ação quanto quando observamos alguém realizando a mesma ação.

A leitura é uma forma de estimular os neurônios espelho, pois nos faz imaginar as situações descritas no texto e nos faz sentir as emoções dos personagens. Estudos mostram que ler ficção pode aumentar a empatia, especialmente se o leitor se envolve emocionalmente com a história e se identifica com os personagens.

A escritora Cressida Cowell, autora da série “Como Treinar Seu Dragão”, afirma que “a leitura traz três poderes mágicos: criatividade, inteligência e empatia”. Ela defende que ler por prazer é um dos fatores-chave para o sucesso financeiro, social e pessoal de uma criança na vida adulta. 

Deixando uma marca no cérebro

A leitura é um hábito que pode nos acompanhar por toda a vida, trazendo benefícios para a nossa saúde mental em todas as fases. Ler é uma forma de exercitar o cérebro, prevenir doenças, aprender coisas novas, desenvolver habilidades, estimular a imaginação e a empatia.

Ler também é uma forma de nos conectarmos com outras pessoas, culturas e épocas, ampliando nossos horizontes e nossa visão de mundo. Ler é uma forma de viajar para outros mundos, conhecer pessoas incríveis e viver aventuras extraordinárias.

Isso é uma forma de deixar uma marca no nosso cérebro e na nossa alma.

Foto: Freepik

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