FILME: PRECISAMOS FALAR SOBRE O KEVIN

Mulher independente e cheia de vida, Eva (Tilda Swinton), que não pensava em ser mãe, cede ao desejo do marido Franklin (John C. Reilly). Mas durante toda a gestação, passa pelo pesadelo da depressão pós-parto, o que irá resultar, mais tarde, em uma relação de abuso psicológico e estrutural, sobre o controle materno, com o próprio filho Kevin (interpretado por Jasper Newell, quando pequeno, e Ezra Miller, na adolescência), que não mantém uma relação agradável com mãe desde o nascimento, mas que faz de tudo para chamar a atenção dela, inclusive, cometendo um crime.

Você não sairá desse filme da mesma forma que entrou

É exatamente isso. Você não irá se sentir confortável, psicologicamente, após o fim desta obra. Ela, no mínimo, se fixará em seus pensamentos por umas boas semanas. Afinal, a direção não deixa claro, absolutamente nada, sobre a narrativa; e tentar montar o quebra-cabeça de todo o drama familiar será sua obsessão nos próximos dias. Justamente porque o abuso psicológico e estrutural é colocado de forma sútil, mas perturbador, e em uma atmosfera onde a violência não está explícita, mas ela acontece e se desenvolve nos pequenos detalhes e comportamentos dos envolvidos: pai, mãe e filho.

A história é contada em flashback, no qual passado e presente se misturam, dando chances para que o telespectador tire suas próprias conclusões. Porém, não esperem dicas fáceis. A amarração entre um ponto e outro é importantíssimo e ajuda no contexto. São minuciosas, um minuto de distração e você perde! E se isso acontecer, irá te influenciar a talvez seguir pelo caminho mais fácil, que é se concentrar somente na hostilidade gratuita de Kevin. No entanto, com uma visão mais atenta, é possível perceber a ligação que a criança tem com a mãe: que ambos são mais parecidos do que se imagina.

Claro que o cenário e a fotografia conseguem imprimir o clima de desastre e bagunça interna vivido pelos personagens. Em quase todas as cenas, a cor
vermelha transmite a dor e a culpa de uma esposa que não consegue entender em que momento errou na educação do filho.

Esse longa é tão intenso, que é quase impossível desvencilhar ficção de realidade. Por isso, te convido para assistir ao filme e tentar sair dele sem se perguntar o que levou Kevin a fazer o que fez; o roteiro não revela, isso fica por conta do telespectador.

Fotos: Ilustração 

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