O
livro mostra, claramente, a evolução e mudanças sofridas pelo
jornalismo nos últimos anos. A linguagem, postura dos repórteres,
abordagem e novas técnicas desenvolvidas nas produções das
matérias podem ser evidenciadas no decorrer da leitura.
Mas,
não só isso. É perceptível, também, notar como os crimes foram
se transformando ao longo do tempo. Se nos anos 50 e 70 ouviam-se
histórias de assassinatos por vingança, violência doméstica e
tráfico, nas décadas seguintes os noticiários davam espaço aos
golpes, corrupção e abusos de poder. Um assassinato local já não
ganhava mais as primeiras páginas dos jornais.
Além
dos crimes bárbaros – como os realizados pelos assassinos mais
conhecidos do Brasil: Chico Picadinho e o bandido da luz vermelha –,
na obra, é possível comparar a relação do jornalismo
investigativo de antes com o de hoje.
Para
exemplificar esse modelo, naquela época, era normal um profissional
se envolver, em termos, na atmosfera daquilo que se desejava
investigar. As reportagens produzidas por Luarlindo Ernesto mostram
isso: ele morou durante 18 dias em uma favela da zona sul do Rio de
Janeiro, para apurar a briga de traficantes que queriam dominar o
morro Dona Marta, em Botafogo. “As madrugadas na favela sempre são animadas. A gente se acostuma com o barulho dos tiros”.
Muito
disso foi se alterando após jornalistas morrerem durante o exercício
da profissão, como foi o caso de Tim Lopes, em 2002.
No
livro, algumas histórias prendem, outras não. Mas, a leitura fica
como base de reflexão, curiosidade e interesse para quem deseja
saber um pouco mais sobre a evolução dos crimes que abalaram e vão
continuar abalando o Brasil. Pois esse é o segundo volume da linha
de produção da Editora Record e da Associação Brasileira de
Jornalismo Investigativo – Abraji. O primeiro volume fala das “10
Reportagens que Abalaram a Ditadura”, que é também o nome do
livro.
Foto: Viviane Andrade
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