Após
sofrer lesão medular, jovem encontra no esporte uma nova maneira de
viver
Foi
em janeiro de 1993, em uma tarde de domingo, que Thiago Ribeiro dos
Santos andou pela última vez. Ele tinha apenas sete anos quando foi
passar as férias na casa de um tio no bairro do Grajaú, na Zona Sul
de São Paulo. “Uma bala perdida atingiu minha coluna e causou uma
lesão medular que me deixou paraplégico”.
Hoje,
Thiago é um dos muitos que precisam de coragem e dedicação para
tentar superar cada vez mais seus limites. E para reaprender a viver,
ele encontrou na família e em associações a ajuda de que tanto
precisava, mas foi no esporte que ganhou ainda mais força.
Amante
do futebol, ele conta que, modéstia à parte, era um ótimo goleiro,
porém nunca imaginou que existissem tantos esportes para deficientes
até encontrar quem se tornaria seu professor e que o levaria a
conhecer uma nova paixão. “No fim de 2009, de uma forma muito
engraçada, conheci uma pessoa chamada Rony que ficou admirado com
minha habilidade na cadeira de rodas e me falou sobre o vôlei
paraolímpico em que jogava. Fiquei simplesmente apaixonado ao
acompanhar um treino da equipe, fiz um teste e passei”.
O
jovem lembra que antes de entrar para o esporte encontrou algumas
dificuldades. Eram problemas com transportes públicos, pessoas que o
olhavam de uma forma diferente. Quando criança, não era bem visto
só pelo simples fato de estar em uma cadeira de rodas. “Uma vez
teve uma diretora que quando fiz minha matrícula, ela queria me
encaixar numa sala com pessoas que tinham deficiência mental só
porque eu era cadeirante”.
Ribeiro
ainda convive com essas e outras dificuldades. No esporte uma delas é
a sensibilidade que sente nas pernas por ser paraplégico. A
fisioterapeuta, Ana Paula Borges, aprova a ideia da prática
esportiva, mas faz uma observação: “através do esporte, pessoas
que possuem alguma deficiência acabam se superando, porém, o
cuidado que considero mais importante é em saber escolher o esporte
certo para o atleta não lesionar o membro afetado, senão a pessoa
vai precisar de mais dedicação na hora da recuperação”.
“É
importante lembrar que uma deficiência não impede que a pessoa
continue com a vida normal. O esporte ajuda muito no desenvolvimento
da musculatura remanescente”, completa Ana Paula.
Cerca
de 90% dos atletas do vôlei paraolímpico é formado por amputados.
O jovem se orgulha por ser um dos poucos com lesão medular a
praticar esse esporte. Thiago foi campeão Paulista e campeão dos
Jogos Abertos de Goiás no ano de 2009, quando iniciou a prática –
e campeão Brasileiro em 2010.
Foto: Cedida por Thiago
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