Veneza, a cidade flutuante da Itália, enfrentou em março de 2025 uma das piores enchentes em décadas. A acqua alta, como chamam as marés altas por lá, atingiu 1,87 metro acima do nível do mar no dia 15, inundando 80% da cidade, incluindo a Praça São Marcos.
Turistas foram evacuados, lojas fecharam, e o prejuízo passou de 500 milhões de euros, segundo estimativas iniciais da prefeitura. Para os brasileiros que sonham com Veneza, é um alerta do que o clima pode fazer. Mas claro que isso não é novidade para os venezianos.
Desde 1872, quando começaram os registros, enchentes acima de 1,40 metro aconteceram 25 vezes – mas 10 delas foram nos últimos cinco anos, aponta o Centro de Previsão de Marés de Veneza. O culpado? Mudanças climáticas.
Um relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) de 2024 prevê que o nível do mar no Mediterrâneo suba até 1 metro até 2100, e Veneza, construída sobre ilhas e canais, está na linha de frente.
O sistema de barreiras MOSE, inaugurado em 2020 para bloquear marés altas, falhou dessa vez. "As barreiras funcionam para eventos normais, mas essa tempestade foi excepcional", disse o engenheiro Luigi D’Alpaos, da Universidade de Pádua, à agência ANSA.
Ventos fortes e chuvas intensas sobrecarregaram o mecanismo, que custou 6 bilhões de euros. Enquanto isso, moradores improvisam passarelas de madeira e botas até os joelhos para viver o dia a dia.
Para o mundo, Veneza é um aviso. Cientistas estimam que cidades costeiras como Recife e Rio de Janeiro podem enfrentar problemas parecidos em 30 anos se o aquecimento global não for contido. Por ora, a cidade italiana luta para não afundar – literal e economicamente.
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