O mountain bike, ou ciclismo de montanha, deixou de ser apenas um esporte radical para se tornar um motor econômico em cidades pequenas do Brasil.
Em 2024, o Campeonato Brasileiro de Mountain Bike, realizado em Petrópolis (RJ), atraiu mais de 10 mil visitantes, injetando R$ 8 milhões na economia local, segundo a prefeitura.
Mas o fenômeno vai além dos grandes eventos: trilhas em lugares como São Bento do Sapucaí (SP) e Urubici (SC) estão colocando cidades antes esquecidas no mapa do turismo e do esporte.
"O Brasil tem um relevo perfeito para o mountain bike, com serras e florestas que rivalizam com os melhores destinos da Europa", diz Mariana Lopes, ciclista profissional e medalhista no Pan-Americano de 2023.
Ela destaca que o esporte cresceu 35% no país desde 2020, segundo dados da Confederação Brasileira de Ciclismo (CBC). Parte disso se deve à pandemia, quando o interesse por atividades ao ar livre explodiu, mas o movimento se consolidou com a construção de trilhas estruturadas por prefeituras e iniciativas privadas.
Em São Bento do Sapucaí, por exemplo, a prefeitura mapeou 120 km de trilhas em 2023, atraindo 15 mil ciclistas no último ano. Lojas de aluguel de bikes e pousadas locais viram um aumento de 40% no faturamento, conforme levantamento da Associação Comercial da cidade.
Já em Urubici, conhecida pelas temperaturas negativas no inverno, o ciclismo aqueceu o comércio: o número de oficinas de bicicleta dobrou entre 2022 e 2024.
Mas nem tudo são pedais suaves: ambientalistas alertam para o impacto das trilhas em áreas de preservação. Um estudo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) mostrou que 18% das trilhas abertas nos últimos cinco anos no Sul do Brasil afetaram vegetação nativa. "É preciso planejamento para que o esporte não degrade o que atrai os ciclistas", diz o biólogo Rafael Costa, coautor da pesquisa.
Enquanto isso, o perfil dos praticantes surpreende: 45% são mulheres entre 30 e 45 anos, segundo a CBC, desafiando o estereótipo de um esporte dominado por homens jovens.
E o mercado acompanha, pois a venda de bicicletas específicas para mountain bike subiu 22% em 2024, com modelos nacionais ganhando espaço contra marcas importadas, segundo a Associação Brasileira dos Fabricantes de Bicicletas.
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