Um caso fatal de raiva humana foi registrado no Brasil, a vítima, uma mulher de 56 anos, moradora de Santa Maria do Cambucá, no Agreste de Pernambuco, foi mordida por um sagui.
Após a agressão, ela foi orientada a iniciar o tratamento profilático, que inclui a aplicação de imunoglobulina e vacinas antirrábicas. No entanto, por razões não esclarecidas, ela não completou o esquema vacinal recomendado.
Quarenta e quatro dias após o incidente, começou a apresentar sintomas da doença, sendo internada no Hospital Universitário Oswaldo Cruz, no Recife.
Apesar dos esforços médicos, ela faleceu em 11 de janeiro de 2025. Esse foi o primeiro caso de raiva humana registrado no estado em oito anos.
A raiva é uma encefalite viral aguda, causada por um vírus do gênero Lyssavirus, que acomete mamíferos, incluindo humanos. Ela é transmitida principalmente pela saliva de animais infectados, através de mordidas, arranhões ou lambeduras em feridas abertas, ou mucosas.
A doença tem uma taxa de letalidade próxima de 100% após o início dos sintomas, o que a torna uma das mais letais conhecidas.
Casos da doença no Brasil
O Brasil registrou, entre 2010 e 2024, 48 casos de raiva humana. Desses, 24 foram causados por morcegos, 9 por cães, 6 casos atribuídos a macacos e outros primatas silvestres, 4 por gatos, 2 por raposas e 1 por bovino.
Em dois casos, o animal agressor não foi identificado. Historicamente, apenas dois pacientes sobreviveram à doença no país, evidenciando a importância da prevenção.
A vacina antirrábica e o soro imunoglobulina são as principais formas de tratamento preventivo para evitar que o vírus, após a exposição, alcance o sistema nervoso central.
O período de incubação do vírus pode variar consideravelmente, geralmente entre 20 e 60 dias, mas pode se estender por meses em casos mais raros.
Fatores como o local da mordida – áreas mais próximas do sistema nervoso central, como o rosto ou o pescoço, aceleram a progressão – e a carga viral influenciam no tempo de evolução da doença.
Isso reforça a necessidade de iniciar o tratamento profilático imediatamente após qualquer exposição suspeita. O protocolo inclui a aplicação de soro, que fornece anticorpos prontos para neutralizar o vírus de forma imediata, e uma série de vacinas, que estimulam o sistema imunológico a produzir sua própria defesa.
Quando a vacina antirrábica foi descoberta
A raiva é conhecida há milhares de anos, com registros históricos datando de 2300 a.C. No entanto, os avanços científicos que revolucionaram o tratamento da doença ocorreram no século XIX.
Em 1885, o cientista francês Louis Pasteur desenvolveu a primeira vacina antirrábica eficaz.
Pasteur havia estudado o vírus em laboratório, utilizando cérebros de coelhos infectados para criar uma vacina enfraquecida.
O marco que consolidou a eficácia da vacina foi o caso de Joseph Meister, um menino de nove anos mordido por um cão raivoso. Pasteur administrou a vacina experimental no garoto, que sobreviveu.
Este evento histórico não apenas salvou a vida de Meister, mas também marcou o início da imunização moderna contra a raiva.
Atualmente, a vacinação de animais domésticos é a principal medida de controle da raiva. Campanhas anuais de imunização, combinadas com a educação pública sobre os riscos da doença, têm sido eficazes na redução drástica de casos humanos no Brasil.
No entanto, a vigilância contínua é essencial, especialmente em regiões onde a interação entre humanos e animais silvestres é mais frequente.
Mesmo diante de uma mordida aparentemente inofensiva, o risco de infecção pelo vírus da raiva não deve ser subestimado. A vacinação imediata pode ser a diferença entre a vida e a morte, considerando a letalidade quase absoluta da doença quando os sintomas se manifestam.
A raiva, apesar de controlada em muitos países, ainda representa uma ameaça grave, especialmente em áreas com acesso limitado à saúde pública ou baixa adesão à vacinação de animais.
0 Comentários