El Salvador intensifica combate às gangues e amplia orçamento militar para 2025

A operação realizada em 28 de outubro de 2024 em El Salvador envolveu 2.500 soldados e policiais que cercaram o bairro 10 de Outubro, nos arredores de San Salvador, em uma ofensiva contra as gangues. 


O presidente Nayib Bukele anunciou nas redes sociais que o objetivo era localizar e prender membros de gangues que estariam escondidos na área. O Ministro da Defesa, Rene Francis Merino, declarou que há evidências de que os criminosos tentam estabelecer bases na região. 


Durante a operação, imagens divulgadas pelo governo mostram soldados fortemente armados patrulhando o bairro e realizando inspeções de identidade, caracterizando uma ação ostensiva de segurança pública.


Essa operação se insere no contexto do estado de emergência implementado em março de 2022, o qual permite prisões sem necessidade de mandado judicial. Até agora, essa medida resultou na detenção de aproximadamente 83.000 suspeitos de envolvimento com gangues. 


A campanha de segurança reduziu drasticamente o índice de homicídios no país, conforme dados do governo, embora organizações de direitos humanos tenham criticado o impacto das operações e as potenciais violações cometidas durante o cumprimento das medidas.


Além da ação policial, o orçamento das Forças Armadas tem crescido substancialmente durante o governo Bukele. Para 2025, o setor militar receberá 314 milhões de dólares, mais que o dobro dos 145 milhões destinados em 2019, quando ele assumiu o poder. 


Esse investimento permitiu a modernização e expansão das capacidades das Forças Armadas, incluindo novas armas, tecnologia de comunicação avançada, veículos blindados, aeronaves e embarcações. 


Segundo o Ministro da Defesa, a intenção é garantir que todas as tropas estejam plenamente equipadas para as missões de segurança, o que está sendo implementado de forma gradual a cada ano.


A militarização da segurança pública começou a ganhar força em El Salvador após 2015, quando o país registrou uma das taxas de homicídio mais altas do mundo, com 105 assassinatos por 100.000 habitantes. 


Em resposta, o então presidente Salvador Sánchez Cerén autorizou o uso das Forças Armadas em operações de combate à violência. 


Esse modelo foi ampliado por Bukele, que aumentou o orçamento militar e propôs, em 2021, dobrar o número de militares, de 20.000 para 40.000, oferecendo incentivos como aumentos salariais de 200 dólares e bônus de 400 dólares para as tropas envolvidas em ações de segurança pública.


Além dos aspectos operacionais e de financiamento, a presença das Forças Armadas se expandiu para funções tradicionalmente exercidas pela Polícia Nacional Civil, como patrulhas, inspeções em veículos, revistas em residências sem mandado judicial e controles nas vias públicas. 


Essa atuação é respaldada por um decreto legislativo que autoriza a colaboração da Força Armada na segurança pública, ampliando o papel militar no combate ao crime organizado, especialmente em áreas dominadas por gangues.


A crescente participação das tropas nas atividades de segurança pública também é destacada em pesquisas de opinião no país. Segundo o levantamento "Encuesta Rumbo País 2024", divulgado pela Universidade Francisco Gavidia, a população expressa altos níveis de confiança tanto no Exército quanto na Polícia, com a instituição militar alcançando 50,2% de confiança entre os entrevistados. 


Essa medida de confiança coloca as Forças Armadas quase no mesmo nível de aprovação do presidente Bukele, que conta com 51,2% de apoio, demonstrando o peso das instituições de segurança na atual política de governo.


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