A realidade por trás do crescimento de 1,4% do PIB no Brasil no 2º trimestre de 2024

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 1,4% no segundo trimestre de 2024 em relação ao trimestre anterior, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 


O resultado surpreendeu economistas e gerou comemorações no governo federal, que creditou o desempenho a medidas de ajuste fiscal e reformas estruturais. 


Contudo, uma análise mais profunda monstra que esse crescimento está muito mais relacionado ao aumento dos gastos públicos e ao endividamento do que a uma recuperação sustentável da economia.


Isso porque, o PIB é, em termos simples, uma medida de quanto a economia de um país está produzindo. No entanto, a forma como esse crescimento é alcançado é crucial. 


No caso do Brasil, o PIB foi impulsionado principalmente pelo aumento dos gastos públicos, uma estratégia que, segundo especialistas, está diretamente ligada ao aumento do endividamento. 


Por exemplo, quando o governo sobe seus gastos, ele injeta mais dinheiro na economia. Isso pode estimular a demanda por bens e serviços, levando a um crescimento imediato do PIB. Ou seja, se o governo investe em infraestrutura, constrói estradas ou hospitais, isso gera empregos e aumenta a atividade econômica.


Por outro lado, quando esses gastos são financiados por empréstimos (ou seja, ampliando a dívida pública), surge um problema. A dívida precisa ser paga no futuro, geralmente com juros. 


Se o governo continua a se endividar sem consolidar sua capacidade de gerar receita (por meio de maior eficiência econômica ou reformas que promovam o crescimento do setor privado), isso pode levar a um círculo vicioso. 


Mais dívida significa mais juros, o que exige mais dinheiro, levando a mais endividamento.


Essa subida do PIB pode ser vista como artificial porque não reflete um aumento genuíno na capacidade produtiva da economia. Em outras palavras, o país está crescendo não porque está produzindo mais de forma eficiente, mas porque está gastando mais, muitas vezes além do que pode sustentar a longo prazo.


A dívida pública já ultrapassou R$ 7,1 trilhões em julho de 2024, marcando uma trajetória de endividamento contínuo para financiar programas e projetos governamentais.


Se esse tipo de crescimento continuar, o país pode enfrentar problemas sérios, como inflação elevada (devido ao excesso de dinheiro na economia) ou a necessidade de cortar gastos drasticamente no futuro para pagar a dívida, o que pode frear o crescimento econômico e aumentar o desemprego.


Portanto, esses números podem parecer bons a curto prazo porque mostram uma economia em expansão. Porém, a longo prazo, são insustentáveis e potencialmente perigosos para a estabilidade econômica do país.


O Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi rápido em atribuir o crescimento do PIB às políticas econômicas adotadas pelo governo. Em entrevista recente, Haddad afirmou que o aumento do PIB é resultado de ajustes fiscais feitos "no lugar certo". 


Ele destacou que o governo está cobrando impostos de grandes grupos econômicos que antes eram isentos, o que teria permitido equilibrar as contas públicas sem prejudicar o crescimento.


Haddad também mencionou que o Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou para cima a taxa de crescimento potencial do Brasil, passando de 1,5% para 2,5%, o que, segundo ele, comprova a eficácia das medidas adotadas pelo governo. 


No entanto, essa visão otimista é contestada por analistas que apontam a dependência excessiva do aumento da dívida pública como um sinal de alerta. Para se ter uma ideia, a agropecuária – que historicamente sustenta a economia brasileira, registrou uma queda de 2,9% no mesmo período do ano passado.


Foto: Ilustração

Postar um comentário

0 Comentários

AVISO: Este site é apenas informativo. As informações aqui contidas não substituem o aconselhamento de um especialista. Consulte sempre um profissional qualificado para obter orientações específicas.