Enquanto Venezuela quer ensinar Lula a fazer eleição, o número de refugiados do país só cresce no Brasil

Na segunda-feira, 10 de junho, Diosdado Cabello, vice-presidente do Partido Unido Socialista da Venezuela (PSUV) e figura influente no governo de Nicolás Maduro, sugeriu que o Brasil envie observadores eleitorais para a Venezuela. 


Em uma entrevista coletiva, Cabello afirmou que tanto o Brasil quanto a Colômbia “perdem muito” ao não enviarem observadores para as eleições venezuelanas, marcadas para 28 de julho.


Cabello declarou: “Eles deveriam vir à Venezuela para ver como se faz uma eleição. Não é fácil aprender a fazer eleições. Alguns dizem que não têm tempo, bom, isso é um problema de cada país, mas deveriam vir para aprender com o melhor CNE (Conselho Nacional Eleitoral) do mundo e com o melhor povo do mundo. Quem quiser está convidado, desde que respeite as regras do órgão eleitoral”.


Essa declaração vem após a revogação do convite do CNE venezuelano à União Europeia para atuar como observador nas eleições presidenciais. A decisão gerou críticas da UE, que lamentou profundamente a revogação. 


Em resposta, Cabello afirmou que a União Europeia acredita ser superior e que não tem nada a ensinar sobre eleições à Venezuela, recomendando que os europeus focassem para os Estados Unidos.


Enquanto isso, o candidato da oposição, Edmundo González Urrutia, apoiado por Corina Machado, questionou a proposta de Nicolás Maduro de assinar um pacto para respeitar os resultados das eleições. González argumentou que o governo foi o primeiro a violar o Acordo de Barbados, que prevê observações eleitorais extensivas e eleições competitivas.


Enquanto isso, cresce do número de refugiados no Brasil


Em paralelo às tensões políticas na Venezuela, o Brasil experimenta um aumento significativo no número de refugiados. Segundo o Observatório das Migrações Internacionais (OBMigra), ligado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), o governo brasileiro reconheceu 77.193 novas pessoas como refugiadas em 2023. Desse total, 97,5% eram migrantes vindos da Venezuela e 1,2% de Cuba.


O relatório do OBMigra destaca que o número total de refugiados no Brasil alcançou 143.033 em 2023, um aumento de 117,2% em comparação com o ano anterior. 


Entre os refugiados, 51,7% são homens e 47,6% são mulheres. Destes, 44,3% dos refugiados são crianças, adolescentes e jovens até 18 anos, com uma concentração significativa na faixa etária inferior a 15 anos.


O refúgio é uma proteção legal internacional para aqueles que deixam seus países devido a perseguições baseadas em raça, religião, nacionalidade ou opiniões políticas, ou que enfrentam graves violações dos direitos humanos em seus países de origem. 


Em 2023, o Brasil registrou 58.628 novas solicitações de refúgio, um aumento de 8.273 em relação a 2022.


A região Norte do Brasil foi a que mais recebeu solicitações de refúgio, com 72% do total, seguida pelas regiões Sudeste (8,9%), Sul (6,4%) e Centro-Oeste (1,7%). 


Os estados de Roraima (71.198), Amazonas (19.663) e Acre (6.565) lideraram em número de pedidos. 


Em 2023, o Brasil recebeu pedidos de refúgio de cidadãos de 150 países diferentes; em São Paulo, os principais solicitantes de refúgio eram oriundos da Venezuela, Angola, Afeganistão, China e Bangladesh, refletindo uma diversidade além da observada no Norte do país.


Foto: Ilustração


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