Os preços da gasolina e do diesel devem aumentar até 7% e 4%, respectivamente, nesta semana, de acordo com estimativas de mercado.
O ajuste nos valores busca compensar os impactos da medida provisória 1.227/2024, que limita a compensação de créditos tributários de PIS/Cofins para diversos setores da economia.
A rede de postos Ipiranga anunciou que reajustará seus preços a partir desta terça-feira (11), conforme comunicado enviado aos franqueados.
A empresa mencionou que "em adição à dinâmica habitual de repasses, os nossos preços de gasolina, etanol e diesel serão reajustados em função do efeito imediato da MP". Em nota, a Ipiranga afirmou seguir uma política de preços alinhada aos parâmetros vigentes e às normas setoriais.
Outras grandes distribuidoras, como Vibra (antiga BR), Raízen (Shell) e Ale, ainda não se pronunciaram sobre possíveis aumentos, mas a expectativa é de que façam anúncios similares ainda esta semana, segundo o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo (Sincopetro). A Petrobras também não se manifestou sobre um eventual ajuste nos preços.
A medida provisória restringe o uso de créditos tributários de PIS/Cofins, em alguns casos limitando o ressarcimento em dinheiro e, em outros, impedindo que as empresas utilizem esses créditos para abater outros tributos, como imposto de renda e contribuição previdenciária.
O governo espera arrecadar até R$ 29,2 bilhões com a medida, valor superior à renúncia fiscal de mais de R$ 26 bilhões decorrentes da desoneração da folha de pagamento de 17 setores da economia.
O Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) criticou a medida, classificando-a como um "retrocesso" e afirmando que "irá onerar vários setores da economia, inclusive os essenciais ao bem-estar da sociedade, como o de petróleo, gás e combustíveis".
Segundo o IBP, a medida aumentará os custos no transporte público e no frete de cargas e alimentos, com impactos negativos para o consumidor final.
Emílio Roberto Chierighini Martins, do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo de Campinas (Recap), indicou que outras distribuidoras devem seguir o exemplo da Ipiranga, com aumentos esperados para terça (11) e quarta-feira (12). As previsões do IBP sugerem que o preço da gasolina pode subir até R$ 0,30 por litro, enquanto o diesel pode aumentar até R$ 0,23 por litro.
A previsão de aumento nos preços dos combustíveis gerou preocupação no governo. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) solicitou uma reunião entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, para discutir o tema.
A administração federal tem pressionado a Petrobras a conter ou reduzir os preços dos combustíveis, questão que já resultou na saída de Jean Paul Prates da presidência da estatal em maio.
O impacto dos preços dos combustíveis é significativo para a economia brasileira, influenciando tanto a inflação quanto a percepção pública do governo, já que é impossível equilibrar o aumento exorbitante de arrecadação com o controle dos preços ao consumidor.
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