Explosão de jovens “nem-nem” no Brasil cresce nos primeiros meses do ano

Nos primeiros meses de 2024, o Brasil registrou um preocupante aumento no número de jovens que não estudam nem trabalham, conhecidos como “nem-nem”. 


Esse contingente passou de 4 milhões para 5,4 milhões em um ano, conforme dados da Subsecretaria de Estatísticas e Estudos do Trabalho, do Ministério do Trabalho e Emprego, divulgados durante o evento Empregabilidade Jovem, promovido pelo Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) em São Paulo.


Paula Montagner, subsecretária de Estatísticas e Estudos do Ministério do Trabalho e Emprego, destacou que essa tendência é impulsionada por diversos fatores, com impacto mais severo sobre as mulheres, que constituem 60% desse grupo. 


“Há uma grande dificuldade para as mulheres jovens ingressarem no mercado de trabalho, exacerbada por pressões sociais para que tenham filhos cedo e pela ideia conservadora de que o marido deve ser o único provedor”, explicou Montagner.


Desafios educacionais e de mercado

Com 34 milhões de jovens entre 14 e 24 anos, o Brasil enfrenta um desafio significativo: 17% da população nessa faixa etária está desocupada, o que inclui 3,2 milhões de jovens sem trabalho. 


A situação agrava-se pela alta informalidade, com 45% dos jovens ocupados trabalhando sem carteira assinada, especialmente em micro e pequenas empresas.


“A informalidade está ligada ao ingresso precoce no mercado de trabalho sem contratos formais. Muitas vezes, os empregadores hesitam em formalizar esses jovens até que provem seu desempenho”, afirmou Montagner. 


A média nacional de informalidade é de 40%, destacando a vulnerabilidade dos jovens trabalhadores.


O levantamento também apontou um aumento no número de aprendizes e estagiários, com um crescimento de 100 mil aprendizes entre 2022 e 2024, totalizando 602 mil em abril deste ano. Os estágios cresceram 37% entre 2023 e 2024, com 877 mil jovens atuando como estagiários.


Rodrigo Dib, da superintendência institucional do CIEE, ressaltou a urgência de abordar a empregabilidade jovem no Brasil. 


“Precisamos incluir essa faixa etária no mundo do trabalho de maneira segura e focada no desenvolvimento a médio e longo prazo”, afirmou. Ele vê a situação dos “nem-nem” como um reflexo da falta de oportunidades e do desânimo que impede muitos jovens de buscar um primeiro emprego.


Montagner reforça que a solução passa por elevar a escolaridade e ampliar a formação técnica e tecnológica dos jovens. 


“Devemos reforçar estágios e aprendizados conectados ao ensino técnico e profissionalizante, não apenas para a sobrevivência, mas para o desenvolvimento de uma carreira sólida e alinhada aos interesses dos jovens”, concluiu.


A crescente população de jovens “nem-nem” exige ações coordenadas entre governo, empresas e instituições educacionais para garantir que essa geração tenha as oportunidades necessárias para um futuro produtivo e promissor.


Fonte: Forbes

Foto: Canva


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