Uma tendência preocupante tem despertado a atenção da comunidade médica global: o aumento significativo dos casos de câncer colorretal em pessoas com menos de 50 anos.
Este tumor, que afeta o intestino grosso e o reto, historicamente foi mais comum entre os mais velhos, mas nos últimos anos especialistas têm expressado preocupação diante dessa mudança epidemiológica que se tornou mais prevalente entre os jovens.
Em entrevista à BBC News Brasil, o oncologista clínico Paulo Hoff, presidente da Oncologia D’Or, destacou que alguns estudos apontam um aumento de até 70% na incidência deste câncer em pacientes jovens, quando comparado com 30 anos atrás.
Essa tendência não se restringe a um único país, mas é observada em várias partes do mundo, incluindo os Estados Unidos e países europeus como o Reino Unido.
No Brasil, embora dados preliminares apontem para um crescimento da doença entre os mais jovens, ainda é necessário um monitoramento mais abrangente para compreender a extensão do fenômeno.
Epidemiologistas e oncologistas têm levantado diversas hipóteses para explicar esse aumento. Uma delas está relacionada às mudanças no estilo de vida, como a transição de uma sociedade agrária para uma urbana, com consequente aumento do consumo de alimentos ultraprocessados e sedentarismo.
Além disso, o sobrepeso, a obesidade e o uso indiscriminado de antibióticos também têm sido apontados como possíveis fatores contribuintes. Especialistas estão discutindo a implementação de medidas de prevenção e detecção precoce.
Nos Estados Unidos, por exemplo, a idade mínima para exames preventivos foi reduzida de 50 para 45 anos. No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) está debatendo a possibilidade de lançar um programa específico para rastreamento do câncer colorretal nos próximos meses.
Atualmente, os principais métodos de detecção incluem o exame de sangue oculto nas fezes e a colonoscopia.
Enquanto a colonoscopia é considerada o padrão-ouro por sua alta sensibilidade na detecção de lesões, o exame de sangue oculto nas fezes é mais acessível e pode ser utilizado como triagem inicial, encaminhando os casos suspeitos para uma avaliação mais detalhada.
Apesar da preocupação com o aumento de casos entre os mais jovens, há boas notícias em relação ao tratamento. Avanços nas técnicas cirúrgicas e o desenvolvimento de novas terapias têm melhorado significativamente o prognóstico do câncer colorretal, aumentando as chances de cura, mesmo nos casos mais avançados.
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