Mais de um milhão de satélites podem ser lançados na órbita da Terra

A órbita da Terra pode ficar ainda mais congestionada nos próximos anos, com o lançamento de mais de um milhão de satélites por diversas empresas que querem oferecer serviços de internet de alta velocidade via satélite para todo o mundo.

Segundo uma investigação publicada na revista Science, nações de todo o globo propuseram o lançamento de mais de um milhão de satélites distribuídos entre 300 megaconstelações, que são vastas redes de satélites que funcionam em conjunto.



Uma das empresas que lidera esse projeto é a SpaceX, do bilionário Elon Musk, que já lançou mais de 3 mil satélites da sua constelação Starlink, que promete internet banda larga de alta velocidade e alcance de sinal em todo o planeta. 


A meta da empresa é expandir esse número para pelo menos 30 mil unidades. Outras empresas que também têm planos semelhantes são a Amazon, com a sua constelação Kuiper, e a OneWeb.


O objetivo dessas empresas é levar internet para regiões remotas que ainda não possuem acesso à conexão, como áreas rurais, ilhas e países em desenvolvimento. 


Além disso, elas também pretendem atender a demanda crescente por serviços online, como streaming, jogos e videoconferências. Segundo as empresas, a internet via satélite tem vantagens sobre a internet via cabo ou fibra óptica, como maior velocidade, menor latência e maior cobertura.


No entanto, esse projeto ambicioso também traz diversos desafios e riscos, tanto para o meio ambiente quanto para o espaço. Cientistas e astrônomos alertam que o aumento do número de satélites na órbita da Terra pode causar problemas como:


  • Colisões espaciais: com tantos satélites circulando ao redor do planeta, o risco de colisões entre eles ou com outros objetos espaciais aumenta. Isso pode gerar mais detritos espaciais, que podem danificar ou destruir outros satélites ou até mesmo ameaçar a segurança dos astronautas na Estação Espacial Internacional (ISS).


  • Poluição luminosa: os satélites refletem a luz solar e podem brilhar no céu noturno, interferindo na observação astronômica e na apreciação das estrelas. Alguns astrônomos já relataram que os satélites da Starlink atrapalham as suas pesquisas e imagens do espaço. Além disso, a poluição luminosa pode afetar o ritmo circadiano dos seres vivos e causar problemas de saúde.


  • Riscos de reentrada: os satélites têm uma vida útil limitada e eventualmente precisam ser substituídos ou descartados. Para isso, eles devem reentrar na atmosfera terrestre e se desintegrar pelo atrito com o ar, mas nem sempre isso acontece completamente e alguns fragmentos podem cair na superfície da Terra, podendo causar danos materiais ou humanos.


Diante desses problemas, os cientistas e astrônomos defendem que sejam criadas leis nacionais e internacionais para regular o uso do espaço orbital e garantir a sustentabilidade ambiental e espacial. 


Eles também pedem que as empresas sejam mais transparentes sobre os seus planos e que busquem soluções para minimizar os impactos negativos de seus produtos.


Um dos especialistas que se manifestou sobre o assunto foi Andrew Falle, pesquisador no Instituto do Espaço Exterior da Universidade da Colúmbia Britânica e líder do estudo publicado na Science. 


Ele disse ao site Space.com que "mesmo que apenas uma parte desses milhões de satélites sejam mesmo lançados, serão necessárias leis nacionais e internacionais, e, estas, precisarão ser associadas aos desafios de sustentabilidade relacionados, como riscos de colisões, poluição luminosa e riscos de reentrada".


Já Ricardo Ogando, astrônomo do Observatório Nacional, no Rio de Janeiro, disse à National Geographic Brasil que "em observações astronômicas pré-Starlink, sempre havia uma ou outra atividade afetada por um satélite".


As empresas responsáveis, por sua vez, afirmam que estão cientes dos problemas e que estão trabalhando para resolvê-los. A SpaceX, por exemplo, disse que está reduzindo o brilho dos seus satélites com um revestimento escuro e que está ajustando as suas órbitas para evitar colisões. 


A Amazon e a OneWeb também disseram que estão seguindo as normas internacionais de segurança espacial e que estão colaborando com a comunidade científica.


O fato é que o espaço orbital está se tornando cada vez mais disputado e valioso.


Foto: Canva

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