Como a restrição calórica pode te ajudar a viver mais e melhor

Um dos maiores desafios da humanidade é encontrar formas de viver mais e melhor. Mas você sabia que a resposta para esse dilema pode estar na quantidade de calorias que consumimos? Essa é a proposta da restrição calórica, uma intervenção nutricional que consiste em reduzir a ingestão de calorias sem comprometer a qualidade dos nutrientes.

Essa prática tem sido estudada há quase um século, desde que o cientista americano Clive McCay descobriu que ratos submetidos a uma dieta com menos calorias viviam mais e envelheciam melhor do que ratos que podiam comer à vontade.



Clive McCay foi um bioquímico, nutricionista e gerontologista que se dedicou a estudar a influência da nutrição no envelhecimento. Ele nasceu em 1898, na Califórnia, e se formou em química pela Universidade de Stanford. Em 1927, se tornou professor da Universidade Cornell, onde desenvolveu suas principais pesquisas. McCay é considerado um dos precursores da pesquisa sobre restrição calórica e longevidade. 


Em 1935, ele realizou um experimento pioneiro com ratos, dividindo-os em dois grupos: um que recebia uma dieta normal e outro que recebia uma dieta com 30% a 40% menos calorias, mas com os mesmos nutrientes essenciais. 


Isso significa que, para uma pessoa que ingere 2 mil calorias, seria necessário reduzir a ingestão para cerca de 1.200 a 1.400 calorias por dia, mantendo uma dieta balanceada. No entanto, essa é uma estimativa baseada em médias e pode variar de acordo com o sexo, a idade, o peso, a altura e o nível de atividade física de cada indivíduo. 


Ele observou que os ratos que comiam menos viveram até 33% mais do que a média que comia normal. Além disso, eles envelheceram melhor e com pouca perda de pelo, catarata e artrite.

Mas como a restrição calórica pode aumentar a longevidade? 


Essa é uma questão que ainda desafia os cientistas, que continuam investigando os benefícios potenciais da restrição calórica para a saúde e a longevidade de diferentes espécies, incluindo os humanos. 


Uma das hipóteses é que a restrição calórica reduz a gordura corporal e melhora a sensibilidade à insulina, diminuindo o risco de diabetes e doenças cardiovasculares.


Um estudo publicado em 2020 na revista The Lancet Diabetes & Endocrinology acompanhou 218 pessoas com peso normal que foram divididas em dois grupos: um que reduziu a ingestão de calorias em 25% e outro que manteve a dieta habitual. 


Os resultados mostraram que o grupo que restringiu as calorias apresentou uma diminuição significativa nos marcadores biológicos do envelhecimento, como a temperatura corporal, a pressão arterial e os níveis de insulina 


A Dra. Ana Luiza Cardoso, endocrinologista e nutróloga, explica que para emagrecer é preciso gerar um déficit de calorias, ou seja, gastar mais do que se ingere. Ela recomenda preferir alimentos ricos em proteínas e fibras, que conferem ótima saciedade com baixo valor calórico. 


Ela também alerta para os riscos de fazer uma restrição calórica sem orientação profissional: “Fazê-la de forma contínua não é simples, mas é importante entender bem como o conceito funciona para evitar decepções na prática e para não gerar esforços desnecessários”.


Outra hipótese é que a restrição calórica diminui a produção de radicais livres, moléculas instáveis que causam danos oxidativos às células e ao DNA, acelerando o processo de envelhecimento.


Os pesquisadores Patrícia de Souza Genaro, Karin Sedó Sarkis e Ligia Araújo Martini, da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP/USP), afirmam que o efeito da restrição calórica na longevidade em humanos ainda não está bem estabelecido e mais estudos são necessários para elucidar os mecanismos celulares e moleculares responsáveis pelos efeitos terapêuticos da restrição calórica. 


Eles também ressaltam que é necessário diferenciar os efeitos benéficos da restrição calórica daqueles relacionados a hábitos alimentares saudáveis .


Uma terceira hipótese é que a restrição calórica ativa vias moleculares que regulam o metabolismo, o estresse celular e a inflamação, favorecendo a reparação e a sobrevivência das células.


Mas uma restrição calórica rígida pode ter efeitos adversos, como perda de massa muscular, óssea e imunológica, redução do interesse sexual, alteração do humor e do sono, entre outros.


Por isso, antes de adotar uma dieta restrita em calorias, é importante consultar um médico ou um nutricionista para avaliar os riscos e os benefícios para cada indivíduo. 


Alguns especialistas recomendam uma abordagem mais equilibrada, baseada em uma alimentação saudável, variada e moderada, combinada com atividade física regular e hábitos de vida positivos.


Foto: Internet

Postar um comentário

0 Comentários

AVISO: Este site é apenas informativo. As informações aqui contidas não substituem o aconselhamento de um especialista. Consulte sempre um profissional qualificado para obter orientações específicas.