Qual o impacto do efeito do álcool no cérebro?

Apenas uma única dose de álcool pode modificar permanentemente o seu cérebro. Essa é a conclusão de um estudo realizado por cientistas alemães, que descobriram que ingerir substâncias etílicas altera de forma irreversível a morfologia dos neurônios.

Mas esse não é o único efeito nocivo do consumo de álcool no órgão responsável pelo controle das nossas funções vitais, cognitivas e emocionais. O álcool é uma droga psicoativa que afeta o sistema nervoso central, alterando o equilíbrio químico entre os neurotransmissores, que são as substâncias responsáveis pela comunicação entre os neurônios. 


Dependendo da quantidade e da frequência do consumo, o álcool pode causar desde efeitos agudos, como falta de coordenação, desinibição, impulsividade e perda de memória, até efeitos crônicos, como dependência, demência, depressão e suicídio.



Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), o álcool está ligado à causa de mais de 200 problemas de saúde, desde doenças do fígado e câncer, até problemas cardiovasculares e tuberculose. 


O consumo nocivo de álcool também é um fator que contribui para problemas socioeconômicos, como violência doméstica e desemprego. Ainda de acordo com a Opas, a região das Américas é a segunda maior consumidora de álcool, depois da região europeia. “A cada 10 segundos, uma pessoa morre de causas relacionadas ao álcool”, afirma a pesquisa.


Três redes neurais são particularmente vulneráveis ao álcool: a rede frontocerebelar, que controla o equilíbrio; o frontolímbico, envolvido na memória, na motivação e na autoconsciência; e o frontoestriado, responsável pela regulação emocional, inibição, flexibilidade cognitiva e gerenciamento de recompensas.


Estudos neuropsicológicos e de neuroimagem mostram que o consumo excessivo e prolongado de álcool tem efeitos cumulativos nessas redes, prejudicando as funções executivas, como o raciocínio abstrato, a memória funcional, o planejamento, o controle inibitório e a resolução de problemas.


Além disso, o consumo de álcool pode causar alterações na dinâmica das mitocôndrias, que são as estruturas responsáveis por fornecer energia às células nervosas. O movimento das mitocôndrias nas sinapses é essencial para a transmissão dos sinais nervosos. No entanto, após a administração do etanol em algumas células, esse movimento é alterado, reduzindo o efeito recompensador do álcool.


Outro fator que pode afetar o cérebro dos consumidores de bebidas alcoólicas é a deficiência de tiamina, uma vitamina do complexo B que é essencial para o metabolismo energético das células. 


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A deficiência de tiamina pode ser causada pela má absorção intestinal ou pela má alimentação associada ao alcoolismo. Isso pode levar à encefalopatia de Wernicke, uma patologia caracterizada por confusão mental, ataxia (dificuldade para coordenar os movimentos) e oftalmoplegia (paralisia dos músculos dos olhos). 


Se não for tratada rapidamente com injeções de tiamina, essa condição pode evoluir para a síndrome de Korsakoff, um distúrbio residual e amplamente irreversível, que se manifesta por amnésia anterógrada (incapacidade de formar novas memórias), confabulação (invenção de fatos para preencher as lacunas da memória) e apatia.

Como proteger o cérebro dos efeitos do álcool?


A melhor forma de proteger o cérebro dos efeitos do álcool é evitar o seu consumo. Não há nível de consumo de álcool considerado seguro. Os estudos mostram que os níveis baixos de ingestão também estão associados a um maior risco de resultados adversos à saúde do cérebro. 


Além disso, o álcool pode prejudicar outras pessoas, como familiares, amigos, colegas de trabalho e até desconhecidos em geral, por meio de acidentes, violência e comportamentos de risco.


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Se você já consome álcool e quer reduzir os danos ao seu cérebro, a Opas recomenda as seguintes ações:


  • Reflita sobre o seu consumo de álcool e os motivos que o levam a beber. Você pode usar ferramentas online ou aplicativos para monitorar a quantidade e a frequência do seu consumo, e os seus gastos com bebidas.

  • Evite a intoxicação alcoólica, que ocorre quando o nível de álcool no sangue atinge ou ultrapassa 0,08%. Isso pode acontecer quando se bebe mais de quatro doses padrão em duas horas. A intoxicação alcoólica aumenta o risco de lesão cerebral por acidentes, violência e overdose. Além disso, pode causar desmaios mentais e perda de memória de eventos ocorridos durante o episódio de embriaguez.

  • Tenha ajuda profissional se você acha que tem um problema com o álcool ou se apresenta sintomas de dependência, como compulsão, tolerância, abstinência ou perda de controle. Existem tratamentos eficazes para o alcoolismo, que podem incluir medicamentos, psicoterapia, grupos de apoio e internação.

  • Cuide da sua saúde física e mental. Alimente-se bem, pratique exercícios físicos, durma o suficiente e procure atividades que lhe deem prazer e bem-estar. Evite situações estressantes ou que possam desencadear a vontade de beber. Busque apoio emocional dos seus familiares, amigos ou profissionais de saúde.

  • Informe-se sobre os riscos do consumo de álcool para o cérebro e compartilhe esse conhecimento com as pessoas ao seu redor. Conscientize-se sobre os benefícios de reduzir ou parar de beber para a sua saúde, sua família, seu trabalho e sua vida social.


Foto: Canva

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