Quanto
mais eu ando pela cidade de São Paulo – onde moro há mais de 20
anos e, mesmo assim, sinto como se não conhecesse praticamente nada
–, descubro cenários dos mais diversos e deslumbrantes. O
deslumbrante, nesse caso, fica a cargo da Casa das Caldeiras: espaço,
hoje cultural, com uma bela arquitetura da década de 20.
A
edificação, construída em alvenaria de tijolos, fez parte do
conjunto de investimentos milionários do imigrante italiano,
Francesco Matarazzo – homem que decidiu vir para o Brasil após seu
país passar por conflitos de unificação no período de 1861 a
1870.
Na
Itália, Matarazzo já era um grande comerciante. Ganhava a vida com
a venda de banha de porco, mesmo produto que trouxe para o Brasil em
1881, porém, um pequeno incidente durante seu desembarque fez com
que ele perdesse boa parte da mercadoria. No entanto, com o pouco que
sobrou, Francesco conseguiu continuar trabalhando no ramo, em
Sorocaba; cidade que se firmou com a esposa e seus dois filhos. Lá,
surgiu seu primeiro empreendimento de sucesso: um armazém.
Menos
de dois anos depois, o conde (título cedido a Francesco Matarazzo
pelo rei Vitorio Emmanuele após os serviços prestados à Itália ao
longo da Segunda Guerra Mundial) abriria, em sua própria casa, um
espaço exclusivo para a remoção e derretimento de banha de porco.
Mais adiante, Matarazzo teve a brilhante ideia de passar a vender a
mesma banha em lata. A técnica fez o produto durar mais e evitar o
desperdício.
E
isso foi só o começo. Já praticamente rico e bem sucedido,
Francisco Matarazzo decidiu investir na capital que era o centro das
atenções no tempo dos barões do café, São Paulo.
Ao
todo, o empresário abriu mais de duzentas fábricas. Sua capacidade
de inovação e ótima visão de negócios deu-lhe grande
credibilidade e um status de “sexto homem mais rico do mundo”. O
matrimônio da família chegou a ser avaliado em US$ 10 bilhões.
Antes
do surgimento da Casa das Caldeiras, o conde já investia em outros
setores da indústria: embalagens, tecelagem, alimentos. Mas foi só
em 1920 que a maior edificação que concentraria muitas de suas
fábricas seria construída.

As
atividades no local se encerraram em 1970. Nesse meio tempo, até o
restauro do prédio em 1998, a casa ficou completamente abandonada.
Agora, após a reabertura no início do ano de 1999, o ambiente conta
com programações culturais diversas, dentre shows, eventos
corporativos, exposições, oficinas, dança, bate-papo, etc.
A
visitação da Casa das Caldeiras está aberta ao público todos
os domingos, das 16h às 20h, a partir do mês
de abril a novembro, na Av. Francisco Matarazzo, 2000 –
Água Branca. A entrada é gratuita. Mais informações
podem ser acompanhadas pelo site www.casadascaldeiras.com.br.
Conheça
um pouco mais sobre o local no vídeo abaixo.
Fotos:Viviane Andrade
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